Monday, October 16, 2006

Sonata de Outono

Talvez estejam ainda verdes, concedo, mas em breve estarão assim, em fogo cor de beijo, como redondos sóis procurando a direcção da terra. Os olhos da mulher nada poderão ver e ela terá que pedir ao homem para usar os olhos dele. Conta-me a laranjeira, dirá, empresta-me os teus olhos nas palavras com que dirás do lume intenso das folhas e do peso incandescente dos frutos. O homem dirá está bem e uma pequena lágrima doce cairá devagar pela sua face. E a mulher dirá simplesmente sim, estou a ver agora, conta tudo, e depois voltar-se-á para dentro, para o denso caule de si própria, para ver melhor.

1 Comments:

At October 18, 2006 1:05 AM, Anonymous Anonymous said...

minha laranja amarga e doce, meu poema...

 

Post a Comment

<< Home