Sonata de Outono
Talvez estejam ainda verdes, concedo, mas em breve estarão assim, em fogo cor de beijo, como redondos sóis procurando a direcção da terra. Os olhos da mulher nada poderão ver e ela terá que pedir ao homem para usar os olhos dele. Conta-me a laranjeira, dirá, empresta-me os teus olhos nas palavras com que dirás do lume intenso das folhas e do peso incandescente dos frutos. O homem dirá está bem e uma pequena lágrima doce cairá devagar pela sua face. E a mulher dirá simplesmente sim, estou a ver agora, conta tudo, e depois voltar-se-á para dentro, para o denso caule de si própria, para ver melhor.
1 Comments:
minha laranja amarga e doce, meu poema...
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