Friday, June 20, 2008

Poemas de Caravaggio

Caravaggio, Morte da Virgem

O que alimenta um blog é o princípio do abalo, cujas réplicas exigem depois (porém nem sempre) a sedimentação da escrita. Como ontem, ao ler Poemas de Caravaggio de Amadeu Baptista, que deverei apresentar em breve na Fnac de Coimbra e que terminei de ler quase como se rezasse, com a mesma sensação de grata irrealidade com que há anos contemplei em Roma, na Igreja de Santo Agostinho, a Madonna dei Pellegrini. As palavras de Amadeu Baptista têm a treva e a luz das imagens do mestre e a mesma contida intensidade das suas figuras tão desamparadamente humanas. Como a figura da sua Virgem, cuja morte Caravaggio pintou sobre o corpo escandaloso de uma prostituta por ele resgatado às águas do Tibre. «A vida é turbulência / - e é assim que chega às minhas telas». Depois de cinco meses de silêncio, mentiria se dissesse que não sei por que voltei aqui.

1 Comments:

At August 12, 2008 3:50 PM, Blogger Unknown said...

Gostava muito que continuasse a escrever neste blog

J

 

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