Tuesday, December 11, 2007

Depois da eterna primavera sem passar pelo verão



De manhã, pela janela, a parte alta da cidade batida pela tímida brancura do sol. Mas é agora nais aberto o trajecto do olhar: a magreza das árvores, com a sua agonizante coroa de folhas lá no cimo, deixa ver as casas quase ao rés do rio, normalmente invisíveis entre abril e novembro. E de repente percebi que as folhas, a sua presença ou a sua ausência, e aquilo que permitem ou não ver são afinal o que quisermos. As casas do rio sempre lá estiveram, mesmo invisíveis, ou se calhar devíamos dizer o contrário - as árvores sempre estiveram nuas e nós é que insistimos em ver, na desamparada nudez dos seus troncos, a cega opulência das folhas.

1 Comments:

At December 11, 2007 12:41 PM, Blogger marta said...

Era Novembro. E eu esqueci por umas horas as folhas lá fora e fui percorrendo devagar estes três caminhos, à beira-tempo. Até ao dia em que parecia ter chegado ao fim...
Mas eis que, finalmente, a continuação!!

 

Post a Comment

<< Home